Chuva, vento e a melancolia organizavam o cenário desse domingo displicente. Um banho demorado, cabelo desajeitado, camiseta com palavras de ordem e a velha calça de moletom desenhavam um dia de preguicinha marota. Os pensamentos eram rápidos, tal qual a mão nervosa no controle remoto com mil canais para ver e sem nada para assistir. Vez por outra, o aconchego de uma lembrança gostosa, de um lugar inesquecível e de um olhar previsível brincavam com o hipotético. No canto do quarto recolho a saudade. Arrumo os travesseiros e me permito devanear. Por alguns minutos me transporto para um abraço e recolho pedaços de histórias de ser feliz. Caminho no grande e pequeno espaço do apartamento com passos anônimos, sem máscara ou reação. Dia de ler atentamente os jornais. A manchete está contaminada, não concordo com a linha editorial de um veículo e o outro, poderia ser mais arrojado. Tento desvendar as entrelinhas. Acredito que faria melhor aquela reportage...