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Mostrando postagens de março, 2017

"Meu amor, minha vida agora está em tuas mãos"

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    Estava desligadamente presa ao meu ritual de todas as manhãs. De repente a voz soa diferente, e o refrão da música grita "meu amor, minha vida agora está em tuas mãos".       Saí rapidamente do transe e passei a ouvir com atenção cada palavra.         A letra ia seguindo um ritmo de frases feitas, com definições românticas e na cadência do sucesso fácil.     Como colocar a vida nas mãos de alguém? Com que direito se toma essa decisão? Fica mais fácil responsabilizar o outro por atitudes, lamúrias e queixumes.    Se o amor é incondicional acaba toda e qualquer imposição sobre o sentimento. A maturidade permite a certeza apenas de amar.     Penso em buscar definições de grandes pensadores. Mas o que vai resolver? A solidão é propriedade, a falta é minha e o desejo apenas se reconhece na esperança de uma ilusão.    Tentar entender os sinais em  cada respiração é uma o...

Bolinho de arroz

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     Domingo de manhã, a casa estava tranquila. Tinha praia, tinha missa, tinha descanso, tinha visita.... Um dia para receber e viver.       Cada um no seu canto, pensando em viver o ócio, após   uma semana de trabalho.      Minha mãe seguia um ritual. Ela esperava que estavam todos entretidos com alguma coisa e ia para cozinha fazer algo  para o aperitivo, tudo sempre muito bom. Mas..., tinha o dia do "bolinho de arroz".         E aí, num repente a movimentação começava, cada um chegava tentando roubar o quitute mais precioso.  Quantas vezes queimei a língua, Realmente, não dava para esperar. Lembro, que minha tia afirmava que era feito com arroz novo, não podia ser sobra. Era tão bom!      E ela ficava brava, tentava driblar todo mundo. Como numa  disputa de bola, gingava o corpo tentando escapar das investidas do adversário. E dizia: "dá para esperar? Está qu...

Prá pensar

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Nada mais antigo do que a dor mal cantada por um poeta amador. Nada mais deprimente do que perder a chance de viver e ser alimentada pelo rancor.

Acarinhar

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    Nas tramas esculpidas com cinzel, que corta a alma, poucas são as vezes que a alegria supera a dor.  Não temos tempo para pequenos grandes gestos que podem transmutar situações cotidianas.    Acostumados com a rotina da desesperança  entramos em um mundo automático e vivemos a pressa na chegada.     No verbo transitivo direto, acarinhar aparece com força.  O momento de mimar, afagar carinhosamente alguém especial, faz a alma ser  fotografada em sua plenitude. Dando ao céu nuances de um azul nunca antes visto, que na correria diária não se percebe o contraste sutil.         Mas de nada adianta o desejo se não houver acolhimento.  É necessário estar atento para entender os olhos que cativam a cada encontro.          Para um carinho não há sacrifício ou cansaço. O momento é agora. Tudo pode mudar repentinamente e o improviso da vida  se faz notar. A cam...

Coragem para ir além

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    O que une?  O que atrai? Tantos dias ficaram vazios . O calendário mostra a dor da ausência. Tantas semanas passaram e ficou a sombra. Depois do susto, a falta.   A tecnologia resolve brincar e a música, escolhida para anunciar a mensagem, toca. O sorriso aparece tal qual uma onda de paz, e a harmonia do encontro parece real. Mas não é diálogo, apenas imagem. Quero ver além e entender aquém.   Faço planos, desfaço.  Calculo distâncias, risco mapas e tento uma estratégia.  Tudo nos afasta. Espero e não quero.   Será capricho? Esperança ou vaidade? Tudo consome. O segredo está anunciado no olhar.  Insisto e desisto.   Preciso de um suporte de evidências com garantia do propósito. Endoidei! Quem pode abonar a minha decisão?  Divagando, imagino o reencontro.  Meço as palavras e oriento os gestos.  Nada é real. Qual diretor seria o melhor para orientar tal cena? Encarar ou deixar.  Na profun...