"Todas as suas dores importam"

Desavisadamente, assistindo a um comercial de televisão uma frase chamou minha atenção: "todas as suas dores importam". 

Confesso que esse recado deve ter passado por mim várias vezes, mas hoje tocou profundamente o mais escondido cantinho, com poeira e, por vezes abandonado, de minha alma. 

Minhas vitórias, meus fracassos e minhas esperanças foram estimuladas de forma indelicada e mexeram  maldosamente com sonhos adormecidos.  

Me dei o direito de entender  e aceitar que o aperto no coração,  o beijo negado e o abraço sem toque machucam. A solidão é presente e a negação é covardia.

O isolamento é doloroso e o distanciamento veio para salvar. Mas hoje, sem questionar privilégios, me entrego ao cansaço, ao padecimento e comungo com essa agonia do nada fazer e de muito aguardar.

Se minha dor é importante, deixo dilacerar. Rasgar entranhas e apresentar feridas  sem o  pudor de que podem pensar os destemidos e voluntariosos. 

Talvez seja o momento de sentir empatia por mim.



foto: Te Cris Tesser

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