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Mostrando postagens de outubro, 2016

Ressaca

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Ilustração: Bruna Passos    Mar agitado. As ondas seguem fortes e soberanas. Fazem um movimento lindo e assustador. Não há obstáculos que possam conter sua fúria.    O coração palpita, o ritmo é desenfreado. A emoção não pode ser contida. O desejo é de derrubar tudo que impede a felicidade.   Não há planejamento capaz de controlar essa angústia. As lágrimas fazem um desenho tortuoso no rosto, já marcado, por uma dor que de novo se aproxima.       A solução poderia ser o álcool. Mas o desequilíbrio e o mal estar seriam um impedimento para encontrar o desfecho de uma linda história.        E vem a inquietação, um abatimento diante da verdade transformada em destino.        Não dá para esquecer. O retrato da ansiedade fica refletido em cada canto, ocupa todos os espaços. Chega a sufocar.     A tristeza retorna em forma de um dilúvio. Faz a arrebentação em toda parte, não ex...

Lamento

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      Se o copo está meio cheio ou meio vazio, hoje pouco importa. Estou triste. Assumidamente triste.        A tela em branco me agride.  Ela me dá o direito de dizer e escrever o que eu quiser, mas a realidade me afasta dessa autonomia.      Talvez a caneta e o papel sejam mais reais. Sinto vontade de escrever, rabiscar, rasurar, amassar a folha e jogar no lixo, sem dó e piedade.  Rasgar minhas memórias mais recentes e junto as minhas expectativas.     Hoje assumo o egoísmo. Queria que, pelo menos uma vez, a minha vontade fosse feita. Mas não dá. O meu lado racional sabe de cor a cor do texto. Frases de otimismo no facebook me irritam.   As coisas acontecem para o melhor/ Ser otimista diante do problema já o torna vencedor/ Quando se fecha uma porta, Deus abre uma janela.       Então tá!     O bom de viver é que cada dia é diferente. Mas esses altos ...

Espera

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Um sopro de esperança. A decisão será tomada. Não adianta conversa, conchavo ou conspiração. O projeto não é meu. A escolha independe de meu querer.  A sentença será proferida e nada poderá ser  mudado. Agora, o momento é aguardar. A paciência nunca foi minha companheira.  O imprevisível me assusta.  Não há como controlar a situação.   Esperar..           desesperar...                             desesperançar ... Alguém vai deliberar. E o resultado mudará destinos. E tenho que aceitar. Se nesta noite chegasse, por meio do vento, a notícia desejada... Ergueria um brinde para a lua, companheira de todo o meu sofrimento, nessas madrugadas de lágrima e de amargura.

Alguém

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Pela vontade de ser Rompi com preconceitos Empunhei bandeiras Defendi direitos. Lutei! Gritei nas praças Exigi respeito Morri de graça Chorei! Mas de nada adiantou minha febre O poder Já(z) tão poderoso Falou mais forte E como louco Sufocou meu sonho real Terminou a farsa A dança se fez festa E o drama total, Uma decepção. Onde tudo vira comédia Na dor da imposição.

Devaneio

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       O sol rasga a frágil parede do coração. Da euforia ao silêncio total. Tudo se confunde em cima de projetos,de sonhos, de chateações.      O tempo pede tudo, o cansaço quer nada.  A hora da reação está tão próxima, mas ao lado a companhia é o não.          O entendimento é total, porém a intuição acende uma luz. Será que é agora? Vem o temor   de buscar novos caminhos e outra primavera.   Que nome se dá a esse momento?Derrota? Renascimento? Pausa? Ou, quem sabe, uma preguiça momentânea que deseja apenas relaxar?     Perceber que velhas frases feitas e chavões de otimismo não motivam para um novo amanhecer.      A "Casa no Campo", tão cantada e sonhada  por décadas, não parece uma solução.  As "asas da panair" se perderam na utopia dos poetas saudosistas.         E a rima rica procura o mais belo sorriso, para criar o mais l...

Eles estão ali

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Eles estão ali. Esperando serem vivenciados. Estão aguardando que outras histórias possam ser contadas e compartilhadas. Eles estão ali. Desobedecendo  e revirando os meus desejos e a minha preguiça. Mexendo com a minha curiosidade e brincando com a minha indolência. Eles estão ali. Acusando, fazendo troça com a minha vida. Zombando de minha tristeza e da necessidade de respostas. Eles estão ali. Não são acessórios bonitos e nem elementos de decoração. Mas, de coração preciso da informação, da formação e, talvez, até da deformação para crescer. Eles estão ali. Com pequenos segredos, desnudando a alma e arranhando a pele. Importunando a sensibilidade,  mexendo com a minha inércia. Eles estão ali.  Soberanos e desafiadores. Tão disponíveis, e por vezes, tão abandonados e machucados por mãos ansiosas. Eles estão ali.  Para serem tocados, amados e odiados. Mas ... virar a página é um esforço de compreensão e  coragem para (re)agir. ...

E...dói

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    Mais uma vez a dor se apresenta de cara amarrada, empurrando para a derrota total. A máscara é de alegria. A sensação de cansaço é permanente, incomoda e quase anula a vontade de reagir. (E dói!)    Das rasteiras da vida posso não estar acostumada, porém já me habituei. Mas , quando o tombo é real  deixa marcas no corpo, impede movimentos e vem a vergonha.       Dor, substantivo feminino. Será esse o motivo de tudo ser tão intenso, tão passional, tão angustiante? E ao mesmo tempo não aceitar a resignação e lutar por uma mudança, uma melhora, um novo tempo.      Muitos têm a receita para amenizar a dor, mas só quem a sente pode definir. Gelo é bom, compressa. E ainda querem que se tenha  calma.          Outros acreditam que água quente ajuda a dissolução dos coágulos que formaram a mancha roxa. Existe até a indicação de passar azeite. Não esquecer jamais os benefícios da arnica. A li...

Vigília

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Acumula rascunhos de textos e frases, nessa noite que necessita tanto dormir. Será praga dos anjos que desejam versos rimados para acalentar amores acabados? Ou é um projeto dos amantes que precisam de linhas doloridas e assim, satisfazer fantasias e aniquilar esperanças tão sofridas? Talvez tudo seja apenas uma maneira de deixar o poeta irritado esquecer que não é amado e brincando com a palavras encontrar a calma que necessita para sonhar. E, assim entender a função da poesia que acalma consola e anima. Onde o trabalho do autor é buscar a palavra certa para finalmente descansar. Um mero transmissor de crenças concretas para fazer o leitor acreditar.

Certeza

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            O cheiro do mofo vinha de todos os lados. Havia muito pó naquelas estantes que pesavam sobre o chão, com tanta cultura acumulada. O som do silêncio se fazia ouvir por todo ambiente.

Agenda

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Os rascunhos da existência estão jogados sobre a mesa. Os rabiscos que oferecem cor e podem anular a tristeza são feitos com rapidez. A ordem dos fatos não segue um critério lógico. Mas é necessário passar a vida a limpo,  escrever a trama de uma forma original. E no texto, onde tudo é incerteza, buscar a verdade da vida sem palavras repetidas na mensagem final.