Lamento
Se o copo está meio cheio ou
meio vazio, hoje pouco importa. Estou triste. Assumidamente triste.
A tela em branco me agride. Ela me dá o direito de dizer e escrever o que
eu quiser, mas a realidade me afasta dessa autonomia.
Talvez a caneta e o papel
sejam mais reais. Sinto vontade de escrever, rabiscar, rasurar, amassar a folha
e jogar no lixo, sem dó e piedade. Rasgar minhas memórias mais recentes e junto
as minhas expectativas.
Hoje assumo o egoísmo. Queria
que, pelo menos uma vez, a minha vontade fosse feita. Mas não dá. O meu lado
racional sabe de cor a cor do texto. Frases de otimismo no facebook me irritam. As coisas acontecem para o melhor/
Ser otimista diante do problema já o torna vencedor/ Quando se fecha uma porta,
Deus abre uma janela.
Então tá!
O bom de viver é que cada
dia é diferente. Mas esses altos e baixos estão oscilando demais e me sinto
tonta e não consigo discernir os
sentimentos.
O meu lado
melodramático surge em cenas
entrecortadas de dor e lamento. Tento
dar vazão ao meu humor criativo, mas nesse momento ele não aparece. As piadas
todas são sem graça, de mau gosto. Sinto um quê de "Damas das
Camélias" no ar.
Não gosto disso. O choro se mistura ao cansaço. Sinto um alívio ao deixar as lágrimas
correrem sem censura, a lamúria vem repleta de juras não cumpridas.
A decisão foi tomada e
alguém vai ser feliz. Adélia Prado parece dar a resposta : "Estou no começo
do meu desespero, e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa."
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