Sérgio Cabral, o pai
Pensei no querido jornalista Sérgio Cabral, o Pai. Repórter combativo, um dos criadores do Pasquim, escritor, pesquisador. Um 'carioca da gema', aquele amigo bonachão que tudo mundo quer ter. Produtor musical e um amante do carnaval.
Lembro da emoção que senti quando lancei o livro "De Passagem Pelos Nossos Estúdios". Recebi, primeiro, um e-mail tão carinhoso, que não conseguia me concentrar em mais nada. Eu e minha mãe ficamos rindo por uns dez minutos. Eu pulava de alegria pela sala, não é uma figura de linguagem. Eu só pensava que aquele homem, que conhecia tudo de MPB e da história do Rádio, tinha gostado do que escrevi.
Passado uns dois dias, outro choque: um telefonema. Aquela voz meio rouca, começa a conversar como se fossemos grandes amigos infância. Cita passagens do meu livro, pergunta coisas, elogia a pesquisa e me convida para visitá-lo em Copacabana. Ficamos proseando tão intimamente, que num repente ele disse: "Você é carioca, não é? Tenho certeza que sim".
Rindo, nervosamente, só pude responder que amava tanto o Rio de Janeiro, que talvez eu fosse Paulioca ou Cariolista. Ele soltou uma gargalhada e escolheu a segunda opção. Ao terminar o telefonema outra surpresa, ele contou que a minha obra seria citada no seu próximo livro. E ainda se ofereceu para apresentar a minha próxima edição.
Posso afirmar, com certeza, que a sua aprovação ao meu trabalho foi como ganhar o maior prêmio literário do mundo. Senti um orgulho danado.
Nos falamos mais algumas vezes. Nos encontramos em Santos e no Rio. Nos vimos no Carnaval. Que carinho eu tenho por ele. Queria estar ao seu lado, para abraçá-lo e não dizer nada. Apenas oferecer o meu apoio e as minhas mãos.
Por meio de uma crônica do escritor Ignácio de Loyola Brandão*, publicada no Estadão, descubro que ele "tem passado por um processo galopante de Alzheimer ou alguma outra forma de demência".
Não sei onde encontrar as respostas? Meu coração está bem apertado. Deixo, meu querido, o meu eterno agradecimento por sua trajetória, por ensinar tanto. Fique com minha solidariedade e minhas orações. Que Deus te proteja e te guarde. Amém.
* Conheça o texto do Ignácio de Loyola Brandão:
http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,diante-da-situacao-tenebrosa-a-noticia-ruim-e-bencao,10000090424
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