Ateliê amador

E durante mais de sete horas mexi e remexi em caixas, sacolas e  gavetas. Era o momento de arrumar tudo para melhorar as minhas criações.

Em um envelope amarelado encontro cartões de aniversário, natal e recados vindos por meio de flores. Leio cada um. A lembrança me fazia caminhar para algumas datas, outras ficaram no tempo e não consegui precisar o momento.

Miçangas e paetês misturados. Como separar? Por cor? Pode ser a solução. No saco plástico, que pego sem cuidado, vem a dor de pedrinhas coloridas que machucam as mãos. Não é lugar correto para estarem armazenadas.  Ser ferida sempre que for usá-las, não é uma boa opção.

O local está ficando perfeito. Aqui vou poder experimentar e produzir, tudo que a imaginação quiser. Um arco-íris de emoção para enfeitar. Tudo terá brilho. Não! algumas produções serão sóbrias, outras delicadas e tantas fincadas na dureza do material.

Serão peças resistentes? Não sei. Depende do uso, da forma e do projeto. Acredito que as mais claras serão frágeis,


O ambiente precisa estar perfeito. Um respiradouro nos momentos de agonia. Mas dá para criar lindas peças na dor? Poesia eu sei que se reinventa, e também é uma ferramenta para tocar dias e noites sem fim. O artesanato é um desafio que não impõe regras, mas se deixa levar pela imaginação.

Qual o método que devo escolher? Reciclar. Sim, uma ótima inclinação. Um vidro vira vaso, que muda em abajur, onde a luz forte me faz criar sombras com as mãos.

Um fio que adornado com miçangas, transforma-se em penduricalho,  que se liga a outras contas e parece um rosário, onde a fé e o pesar encontram guarida.

Nossa! quanta coisa quebrada, não há sentido em  restaurar. O tecido está manchado não dá para guardar. Hora de jogar fora. Abrir espaço para um novo olhar. 


Tudo em volta é branco, seria necessário uma cor. Mas qual? Por enquanto vou desenhando o ambiente com minhas obras, fazendo travessura em tentar desvendar esse enredo.

É uma tentativa. Uma alquimia que pode transformar.

       Nessa busca, nesse mistério, com ou sem inspiração, dou a volta no meu mundo e farei uma revolução











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