Quando o sentimento vira ordem de serviço

     Eu gosto de significado nas coisas. Não sei viver no modo automático. Acredito que a vida  não teria sentido se o amor, o afeto, o carinho ficassem guardados em uma caixa fechada,  que talvez nunca fosse aberta. 

      E aí você imagina e prepara uma surpresa de aniversário para alguém especial, muitos dias de estrada nos separam. Usando a lógica afetiva feminina, todos os detalhes são pensados. Afinal, ao dar um presente para alguém você se faz presente.
   
      Volto ao real... A tecnologia está aí, faz parte do nosso mundo e não podemos mais viver sem a vida online. Existem serviços pela internet que facilitam, em muito, o desejo de dar um parabéns de longe. Acreditei. Sempre usei esse serviço.

Nessa busca imaginei algo simples e solene. Uma forma de compartilhar. 

Fiz tudo certinho, cumpri todas as regras, aceite o valor, planejei com amor e acreditei... 

       Era esperar a reação do homenageado. Certamente ficaria feliz em saber que alguém se importa e quer partilhar a emoção.

    Mas a falta de compromisso da empresa contratada frustrou minha intenção de proporcionar um dia feliz. A tal lembrancinha chegou  bem depois da data acertada e danificada. A amizade que nos une é tão forte, que para ele o fato foi irrelevante.

   Uma semana tentando uma explicação da empresa, querendo uma resposta. Incompetência no serviço oferecido.

     Não aguento mais ser atendida por uma "máquina" que não conhece diálogo. Sinto saudades da época em que o "dono da lojinha" sabia o meu nome e quando criança levava a caderneta para anotar o pedido na vendinha.

     Hoje com toda a revolução tecnológica as pessoas não conversam mais. Tudo é uma ordem de serviço. A verdade vira apenas "estamos fazendo a verificação para ver o que aconteceu, já estamos fazendo o possível para resolver o seu problema". E a pérola: "se a senhora autorizar vamos estar enviando um pedido de desculpas ao destinatário".

     Opa! Problema no treinamento do telemarketing.  Não existe já, pois tudo foi feito no depois. E o problema não é meu, foi criado pela empresa. Eu não só autorizo o pedido de desculpas, como exijo.

      O sentimento que motivou a compra, o presente que deveria ser entregue e a relação de amizade que está embutida nisso não importam.

    A frase otimista que no final tudo dá certo, é verdade. Os laços fraternos continuam fortes. 

      Porém, eu só queria oferecer e ter um dia feliz.











Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Compartilhar/ Curtir

RENATA AGONDI

Sérgio Cabral, o pai