"Fique quieta, menina... Nosso Senhor está morto"
"Fica quieta, menina...Nosso Senhor está morto..."
Essa era a frase mais ouvida por mim nas sextas-feiras santas de minha infância.
Não podia escutar rádio, assistir televisão, o silêncio devia ser preservado num dia de reflexão.
Não podia escutar rádio, assistir televisão, o silêncio devia ser preservado num dia de reflexão.
Lembro que, por vezes, olhava incrédula para as pessoas e não entendia muito bem o texto.
Afinal, eu aprendi com meu avô Antonio, que Nosso Senhor estava sempre vivo em nosso coração.
Por ser a única criança na casa, eu tinha algumas regalias. Podia brincar no quintal, embaixo da figueira. Mas, comportada. Uma coisa difícil para uma menina bem agitada.
O cheiro do bacalhau no forno invadia cada canto da casa, meu avô cuidava do jardim e conversava comigo. Sempre tinha espaço para um bate-papo amigo.
Ele contava histórias, muitas histórias. Às vezes penso que muitas podem ter sido inventadas, mas eram tão saborosas que assumo como reais.
Nesse diálogo amigo, a Semana Santa me foi explicada centenas de vezes, em em todas elas tudo sempre se tornava uma novidade. E tinha um final feliz. Tenho que agradecer por ter uma relação de felicidade com a religião e a fé. Nunca foi colocado o medo nessa ligação.
Eu aprendi, logo cedo, que Cristo morreu e depois ressuscitou para nos dar a vida. As marcas da infância retornam e oferecem o caminho a percorrer.
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