E de repente... a cigana


   Um momento de não pensar na saudade que me amarra a longos períodos de introspecção. 

   Encarar o desafio do ócio, o que pode ser uma arte nesses dias tão corridos, do tudo agora e já.


  Preparo o ritual da entrega com carinho. O cenário já está pronto. Da areia brotam os sorrisos que só pensam em brilhar. O mar brinca com o imaginário e a entrega é total.

   Um livro e uma praia livre para sonhar.  As páginas provocam e o texto é atraente. Por alguns instantes levanto os olhos e passo a flertar  histórias que não são minhas. Escuto conversas, vejo castelos e vem uma bola e a criança chora... Coisas do ato de estar só e acompanhada.

  O sol propõe o jogo  esconde-esconde, mas isso não me abala. A leitura está tão atraente que nada pode me tirar desse transe.

    E de repente, em sempre há um repente, tal qual um verso improvisado surge, do nada, uma cigana que pede para ler a minha mão. Me assusto! Digo que não. Ela insiste e recebe uma nova recusa.

    E tal qual uma cena de novela, a voz de Simone faz a trilha sonora ... "A cigana leu o meu destino, eu sonhei... como será o amanhã, responda quem puder... "

   Não me atrai a ideia de saber o final antecipado. Minha intuição aguçada e a baderna das expectativas do meu cotidiano não oferecem espaço para adivinhação. Talvez o medo seja uma fuga para não antecipar histórias e finais.

   Não preciso de mais nada para sofrer por antecedência. Admito minha necessidade do agora e o grave defeito de racionalizar emoções.  Me apego a detalhes, a frases não ditas e a sentimentos que sonho em viver.

   Determinada termino meu recolhimento... E a esperança surge em um outro verso da canção "... O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser...".






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