Aflição



 
É de chamar a atenção a casa coberta de verde. Tento desvendar os mistérios e detalhes do local . As janelas estão abertas e  desocupadas,  na loucura da esperança vejo o par sorrindo e fazendo planos. Flores dão um ar quimérico para a cena cantada em soluços nos momentos de afastamento.

Pedras na estrada (lembra poeta?) constroem o lar do desejo, na tentativa de ser feliz. Emolduram o silêncio e a gargalhada  na prerrogativa de um improvável reencontro. O desassossego brinca na teimosia de acreditar. 

Contrariando a expectativa, o enredo torna-se repetitivo e a lágrima insiste em ser absoluta. Na velha geladeira o calendário amarelado se desfaz em dias passados lentamente na solidão.

Na inspiração do romantismo do século 19, encontro no abandono e na incerteza um simples motivo para sobreviver.



* foto: Te Cris Tesser

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