Fique em casa
E nasce mais um dia e com ele renovam-se as reclamações. O café oferece a exata medida de força e coragem. Confinamento. Isolamento. Tanto para fazer.
A agenda aponta uma reunião pela manhã, que pode também ser definida num monólogo infinito. E todos acreditam que os problemas foram resolvidos democraticamente.
A correria é grande. No intervalo do almoço está marcada a hora com a manicure, atualizar as mensagens no "whats" e passar naquela galeria e ver se tem uma bolsa diferente.
E de volta ao trabalho a maratona continua. Papéis, revisão, textos sem fim... Quer uma folga.
Fim do expediente. É dia de barzinho e a cerveja com os amigos. As risadas ecoam pelo local e os abraços tornam a noite mais especial.
Enfim, está em seu refúgio, o lar. Tão lindo e arrumado, lembra um anúncio de revista. Sem muito tempo para aproveitar, porque sempre tem um compromisso mais urgente.
Ainda com a xícara de café na mão, abre a janela e a imagem insolente agride. Um novo dia grita numa escandalosa vergonha: Fique em casa.
* foto: Te Cris
A foto até remete a atividade que propusemos. O texto, lembrança de algum outro tempo com certeza, acabou se encaixando com a foto (da janela, só faltava essa).
ResponderExcluirMuito boa prosa.