Prazer em escrever

        
            Escrever é um ato de coragem. Uma esperança incontida de dizer. Onde a palavra me torna transparente, tal qual um cristal que se revela, e não nega, quem realmente sou.

            A incerteza do desafio aguardando esboços, frases e métricas em busca de uma realização.

            Nesse momento sinto-me mãe. Que após um parto docemente dolorido encontra a recompensa no sorriso do filho publicado,  finalmente lido.

            Em cada rabisco poético, converso com minhas imperfeições e qualidades. Por vezes, transformo minha dura fragilidade em bandeira, pela necessidade de ser.

            Esse prazer é um dever de cidadania, que me faz entender que não posso me omitir.

            A fúria do texto, em certos momentos, busca uma justiça embaçada que parece esquecer a igualdade.

            Assim, nasce a ousadia de perceber que o verso pode oferecer voz e vez a uma sociedade calada, muitas vezes esmagada, pelo falso e tirano poder.      


Ilustração: Bruna Passos

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