Eu só queria comer geleia


A noite se anunciava fria... Tudo pronto para um aconchego no sofá, e um abandono nas páginas de um bom livro.  

Uma fominha leve se apresentava. Idealizei a cena. Um bom café forte, umas torradinhas e que tal um geleia?

     Nunca fui muito amiga dessa iguaria, descobri a delicadeza de seu sabor quando ganhei de presente um vidro do meu amigo Ricardo, o qual ele deu o delicado nome de  "geleia da rainha". Lembrei que tinha em casa uma especial, de framboesa,  que comprei em uma loja de artigos importados.

               (Me incomoda saber que geleia não tem mais acento.
Acho que não foi uma boa ideia, mas sem plateia não vale a discussão.)

     Preparei o cenário no canto da sala.  E começa o drama. Procuro a película que protege a embalagem, não tem. Tento girar a tampa e nada. Pego o pano de prato, a mão começa a ficar roxa e a bandida não gira nem um milimetro. 

       Ah! vou recorrer ao truque da colher, e forçar em toda volta para fazer com que o ar entre no pote. Nessa hora lembrei do paranormal Uri Geller, que na década de setenta entortava talheres.  Consegui danificar a peça de meu faqueiro que, com certeza, não é de boa qualidade.

       Nisso, a torrada já estava fria e o café foi bebido no intervalo da luta.  Olho o interfone, será que o porteiro amigo conseguiria realizar essa grande proeza?  Por algum motivo, ele não atendeu ao meu chamado.

     Começo a cantar, rir, chorar e rezar. Numa atitude mais violenta penso em atirar o vidro na parede, mas não seria a solução.

      Respiro fundo. Mudo o plano estabelecido.

Uma fatia de pão de forma com manteiga me acompanha. Ligo a televisão e vou assistir a um filme repetido.



E eu ... só queria comer geleia!!!








Comentários

  1. Aprendemos: antes de tudo a gente abre o pote...😃

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  2. Case minha querida irmã,afinal dizem que estes só servem para isso.Ah para vidros de palmito também.beijos

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