O preço da flor


A manhã acordou com uma chuvinha fina e o vento cortante... Um domingo para ficar em casa. Tomei meu café e saí apressada. Precisava enfeitar a minha vida com a primavera.

"Se você guardasse todo o dinheiro que gasta com flores, sabe o que teria?", questionou na fila do caixa, o homem a quem não pedi  a opinião.

Com um sorrisinho de canto de boca, respondi certeira: "Teria dinheiro, e não flores".

As pessoas  próximas olharam com um ponto de interrogação.  Uma senhora vibrou com o cinismo, mostrando cumplicidade.

Sem entrar no mérito se devo ou não dar satisfação a um desconhecido, amo ter flores em casas. É uma necessidade  vital.

Elas se deixam cuidar. São um cartão de boas vindas aos amigos. Um olhar de esperança no momento de dor. Um pedaço do céu imaginário, que me abriga e me faz lembrar de gratidão e vínculos.

Na elegância do Lisianthus, na sofisticação da Orquídea, na fragilidade da Tulipa ou na cordialidade da Begônia as flores me encantam.

Se é Amor-perfeito,(quem me dera), Flor-de Liz, símbolo dos reis franceses, ou a inocente Azaleia  ... pouco importa. Tenho a impressão que todas estão zelando por mim.

O perfume do Jasmim ou do Lírio, que me lembra meu santo amado, deixa o meu lar com o aroma do amor, em um anagrama de associações que trazem paz.

O Girassol é imponente e brilha tal qual o astro rei, que se torna sempre o centro da casa. Talvez, uma reflexão sobre astrologia ao dizer que este representa o signo de Leão. Em contrapartida a Flor de Lotus do meu ascendente Aquário, planta que floresce sobre a água.

No enfrentamento da vida, entender exemplos de mulheres frágeis e fortes, que encaram desafios  e podem ser  Rosa, Margarida, Hortência ou Angélica. Ou Maria Sem Vergonha que invade o mato e nasce em qualquer pedaço de terra. E o feminino  se mostra tão verdadeiramente importante nesse tempo de intolerância.

Flores são laços de afeto, perfeita harmonia com o Criador.  Me oferecem uma nobre coragem. Nasce um mistério pueril que me empurra para a vida. Ao mesmo tempo elas me acolhem em seu esplendor. 

Gosto de mandar flores. Imagino a reação, o arranjo próximo ao corpo formando um lindo abraço de afeição. Receber também é muito bom. O coração parece parar ao ler a mensagem que devolve o sonho esquecido e faz transfigurar.

Tantos nomes, tantas cores... tantos e poucos amores. O despertar de uma riqueza gratuita, frágil desenho de Deus que se faz  sempre presente e alegra na simplicidade de ser. 




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