Distração

    
 No imaginário, Emília, criação de Monteiro Lobato, é uma personagem marcante. Após tomar uma pílula começa a falar sem parar. "Não quer ficar entalada". Uma boneca de pano, por vezes remendada e em outras chique. Ar de realeza e orgulho. Assume sua  teimosia e esperteza. É independente e diz tudo que pensa, sem censura alguma. 

     Personagens e brincadeiras nos orientam, muitas vezes, em nosso cotidiano. Lembro, com saudade, de alguns jogos de minha infância. Em pequenos flashes vou revendo cenas.

    Na Dança das Cadeiras, quando a música para, tem que estar atento, para não perder a rodada. É necessário defender-se de um empurrão. Até mesmo perceber que o lugar pode estar ocupado, alguém chegou primeiro e não há espaço para distração. A saída é sempre frustrante. Há um quê de fracasso.

   Quando um grupo está reunido e o tédio chega, sempre alguém lembra da Mímica. Transmitir mensagem por gestos e sinais. Estão todos prontos para descobrir a resposta. Será que vale a pena?  E se o recado chegar truncado? Um risco que não desejo correr.

      Lembro da graça da tal Amarelinha? Um retângulos riscado no chão, dividido em dez menores, todos numerados.  Mas que dificuldade danada... Jogar a pedrinha em cada número e ir até o fim. Ás vezes o pulo é com um pé só, em outro tem que saltar...Tudo pode distrair e a chegada ao céu torna-se uma ilusão. 

   No jogo da Memória o objetivo é encontrar o par. Para complicar, as imagens são semelhantes e dá a falsa impressão que acertou. Tem o fator sorte, e o oponente pode se dar melhor. Por vezes, o esquecimento torna-se uma solução, mas não se ganha a partida. 

    Atraente é o Buraco, o difícil é a canastra. O coringa é uma ótima surpresa, mas pode vir travestido de fanfarrão ou mudar o valor, dependendo da combinação que o jogador tem em mãos. Se chegar na hora certa pode assumir um bom lugar. 

   E o Mico? Esse é fácil de reconhecer. Cartas iguais, duplas formadas e o fim é solitário. Momento de constante pressão, tem que ter estratégia, mas mesmo assim o fator sorte pode determinar o resultado. O embaralhar das cartas e quem começa. O ritual  pode ser uma angústia maior para a conquista. Assumir o Mico é coisa para gente valente.

    Volto no tempo. Nada mais lúdico do que o brincar de mãos dadas.

   "Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar"...


   A canção, nem sei se ainda é cantarolada. Nessas voltas do roda roda ..."o anel era de vidro e se quebrou... O amor tão esperado, deu a volta inteira e acabou. A história vai terminando... E Terezinha de Jesus, de uma queda foi ao chão...







Comentários

  1. Amei! Viajei para minha infância e brincadeiras. bjs no coração

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  2. Fiz a mesma viagem da Suzana, mas foi mais como um passeio pela exposição dos jogos que você organizou. Gostei de revê-los arrumados do seu jeito, com as explicações ao lado me permitindo um outro olhar sobre essas coisas da infância. Como sempre adorei ler você TeCris, o texto flui dos seus dedos como se fosse fácil, como se as palavras se arrumassem sozinhas depois de você pensá-las.

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  3. Bom demais, faz a gente viajar no imaginário das brincadeiras e flutuar na imaginação dos acontecimentos, parabéns TeCris

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