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Mostrando postagens de maio, 2018

Indolência

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Começa de forma repentina.  O ar parece acabar e a fragilidade do tempo se torna impotente diante do sofrimento que se avizinha. É falta, é saudade e a sensação de aperto embaça o espelho cansado de ver a pele marcada e ouvir a mesma ladainha. O batimento cardíaco é imperceptível, quase insignificante.  Arrumar as almofadas, redecorar a sala parece um recurso plausível. Admitir a incapacidade de mudança requer um esforço além do planejado. Uma valentia suprema que tenta acalmar a preguiça, a indolência que nega a prática de qualquer ação. O toque do celular denuncia a chegada de mensagens de otimismo, mas a fatalidade de quem as interpreta não permite qualquer afago. Busco a voz do amigo mais antigo, não dá para conversar...está indo para Lisboa. Terra do fado, da canção que faz chorar a alma. Compras sempre se apresentam como certeza de terapia. Passear no shopping exige uma disposição que não encontro. A solução está nos sites. "Raios que o partam"! Por qu

O imponderável

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Tudo preparado com requinte de um salão de chá inglês.  Palavras não ditas e medidas, gestos e sentidos calculados e a falsa certeza de que sonhos se realizam. No palco vazio, a atormentada espera dos atores. Toca o terceiro sinal e a representação novamente acontece. Todos os detalhes são reproduzidos na sangria do espetáculo diário, que emociona e questiona delírios. Quem testemunhará tamanha inquietação? O autor supremo move destinos, cria enredos e propõe uma ação diferenciada que dificulta a naturalidade do encontro. Se tivesse coragem tudo poderia ser tão simples. Mas a covardia impõe fracassos, uma espera que deixa tudo ser explicado pela divina providência. Dar o primeiro passo seria o bastante para acalmar a longa jornada. Vitimizar parece a solução mais aceitável.   Qualquer um pode ser o carrasco que vai aplacar a dor que se auto alimenta sem generosidade aparente. E assim, não há o risco de assumir o propósito e a culpa fica depositada em outra esfer