Indolência


Começa de forma repentina.  O ar parece acabar e a fragilidade do tempo se torna impotente diante do sofrimento que se avizinha. É falta, é saudade e a sensação de aperto embaça o espelho cansado de ver a pele marcada e ouvir a mesma ladainha. O batimento cardíaco é imperceptível, quase insignificante. 

Arrumar as almofadas, redecorar a sala parece um recurso plausível. Admitir a incapacidade de mudança requer um esforço além do planejado. Uma valentia suprema que tenta acalmar a preguiça, a indolência que nega a prática de qualquer ação.

O toque do celular denuncia a chegada de mensagens de otimismo, mas a fatalidade de quem as interpreta não permite qualquer afago. Busco a voz do amigo mais antigo, não dá para conversar...está indo para Lisboa. Terra do fado, da canção que faz chorar a alma.

Compras sempre se apresentam como certeza de terapia. Passear no shopping exige uma disposição que não encontro. A solução está nos sites. "Raios que o partam"! Por que eu preciso de panelas amarelas?

Brigadeiro é rápido de fazer...Mas quente não é bom. Dopamina e serotonina, de forma vertiginosa, podem ser motivo de festa. Ah! nicotina... que bem e mal você faz. Brindo com vinho tinto, com sangue capaz de bombear  todas as entranhas.

O telejornal repete e impede qualquer reflexão. O poder está despido e a justiça brinca com o imaginário. Afinal, tudo está resolvido.


O final feliz da telenovela absolve e condena. O beijo apaixonado entrega que amanhã tudo recomeça. Missão cumprida.







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