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Mostrando postagens de novembro, 2016

Sérgio Cabral, o pai

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        A notícia da prisão do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, poderia não me abalar. Quero  que corruptos e ladrões paguem, não aguento mais os desmandos nesse País que amo. Mas, e tem sempre um mas... Fiquei triste. Por que?     Pensei no querido jornalista Sérgio Cabral, o Pai. Repórter combativo, um dos criadores do Pasquim, escritor, pesquisador. Um 'carioca da gema', aquele amigo bonachão que tudo mundo quer ter. Produtor musical e um amante do carnaval.   Lembro da emoção que senti quando lancei o livro "De Passagem Pelos Nossos Estúdios". Recebi, primeiro, um e-mail tão carinhoso, que não conseguia me concentrar em mais nada.  Eu e minha mãe ficamos rindo por uns dez minutos. Eu pulava de alegria pela sala, não é uma figura de linguagem. Eu só pensava que aquele homem, que conhecia tudo de MPB e da história do Rádio, tinha gostado do que escrevi.   Passado uns dois dias, outro choque: um telefonema. Aquela voz meio rouca, começa a con

Desafio amigo

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O ambiente hoje estava até que calmo na sala dos professores. Um colega afirmou em tom de brincadeira "é tanto aluno me procurando que eu tenho medo de abrir a geladeira e encontrar um dentro da garrafa de água. Eu já achei um  na gaveta de meias". Gargalhada geral. O trabalho era árduo. Era colega passando faltas no sistema, o outro corrigindo provas, corrigindo TCC, corrigindo relatórios... Corrigir é o verbo. Outros elaboravam tabelas, somavam notas, fechavam diários... Ufa. Eu estava tranquila, teria apenas que participar de uma banca de TCC. Meu estresse maior será na próxima semana. Começo checar as notícias nos sites. Senta-se ao meu lado um amigo de décadas, Carlos Finochio. O diálogo acontece naturalmente, são lembranças de viagens, coisas corriqueiras e num repente, vem a frase: "estou acompanho o seu blog, mas eu queria saber mais o que a mulher Te Cris está pensando do mundo, sinto falta disso." Tentei argumentar que ando meio reflexiva,

Ateliê amador

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E durante mais de sete horas mexi e remexi em caixas, sacolas e  gavetas. Era o momento de arrumar tudo para melhorar as minhas criações. Em um envelope amarelado encontro cartões de aniversário, natal e recados vindos por meio de flores. Leio cada um. A lembrança me fazia caminhar para algumas datas, outras ficaram no tempo e não consegui precisar o momento. Miçangas e paetês misturados. Como separar? Por cor? Pode ser a solução. No saco plástico, que pego sem cuidado, vem a dor de pedrinhas coloridas que machucam as mãos. Não é lugar correto para estarem armazenadas.  Ser ferida sempre que for usá-las, não é uma boa opção. O local está ficando perfeito. Aqui vou poder experimentar e produzir, tudo que a imaginação quiser. Um arco-íris de emoção para enfeitar. Tudo terá brilho. Não! algumas produções serão sóbrias, outras delicadas e tantas fincadas na dureza do material. Serão peças resistentes? Não sei. Depende do uso, da forma e do projeto. Acredito que as mais cla

Adeus

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A palavra                      trabalhada requer atenção. E qualquer descuido vira-se a página termina o encanto perde-se a emoção. A palavra                      derradeira exige separação. Em todo lamento muda-se o caminho fica o desejo numa eterna solidão.

Chuva

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Chove! E lava a alma  sonhadora que desejava galgar espaços e construir um mundo novo. Chove! E descarrega sobre todos as minhas lágrimas. Chove! Chove molhando todos os culpados  pela tristeza. Chove! Chove sobre os ingratos que destruíram os sonhos Chove! E faz doer. Molhe! Arrebente! Deixe todos os vestidos embonecados encharcados com esse lamento. Chove! Molhe! Machuque! Grite por mim neste pranto Chove! E deixe as calças jeans pesadas sobre os corpos. Chove! Chove forte. Faça uma folia Inunde o mundo. Meu choro hoje chove. Chore ... Chove ... chore Chova por mim...

A tal resiliência

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E aí surgem momentos de dor, de tristeza absoluta. Um calvário interminável. Uma aflição constante, sensação de perda, de fim e nada poderá servir de consolo. E vem o cansaço.  A impotência. Alguém lembra de resiliência, que virou palavra "da moda" . Será? Não me conformo facilmente, quero o real significado do que estou sentindo. Numa rápida pesquisa a primeira explicação  é que a palavra vem do latim, e dai? É um (re)inventar, a capacidade de evoluir após momentos de adversidade. É superação. E aparecem teorias em diversas áreas.  Será que é isso que estou vivendo após dias e mais dias de padecimento?  Penso que não. Como negar a lágrima constante e o choro que explode em cada verso?  De que maneira a dor aguda foi anestesiada? A opressão acabou e num repente passou a ser nada? Não estou em processo de euforia. Minha alma não está quente e nem fria. Morna? Nunca gostei disso. Um tanto faz, sem regra, sem espera e sem ansiedade. Sem luta, sem resistência,  

Nossa! Daqui a pouco é Natal

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"Nossa! Como o ano está passando rápido, já estamos em novembro e daqui a pouco é Natal"   Tento lembrar de quantas vezes ouvi essa frase ao longo da minha vida. É sempre a mesma rotina.Já penso no arrepio  ao ouvir canção.          "Então é Natal, o que você fez, o ano termina e nasce outra vez".  Procuro a original na voz John Lennon, mas tenho que confessar, a depressão é a mesma.  Qual o problema se daqui a pouco é Natal? Que chatice! O que muda?      Sendo otimista, penso no hoje. Quero enfeitar minha alma com luzes brilhantes, cantar sem motivo, me dar presentes verdadeiros, esquecer a correria e as filas.      Quero brindar os minutos de vida, que teimam, por vezes, em ser segundos.      Quero enfrentar cada dia sendo especial. Mas, não dá!                                                    Chico Buarque tem razão:                                                   "A gente quer ter voz ativa                                  

Que pena

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Estávamos              aproximadamente longe Os gestos eram os mesmos As mãos falavam        rapidamente Aquelas que me fascinaram por um bom tempo Tremi Saudade Dor e desejo Mesmo rodando não voltamos         juntos ao mesmo ponto            ...que pena! Ilustração: Bruna Passos

Processo de criação

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     E de repente, o amigo pergunta: "Como se dá o seu processo de criação?"      Por cinco segundos fico paralisada, pensando... Como assim? Jamais pensei no assunto. Eu escrevo. Simplesmente deixo as palavras tomarem conta do meu texto. Me lembra o processo de um antigo filme, que ao passar pelo revelador, forma a imagem do que quero dizer.      A vontade de me comunicar imprime a rapidez das frases.  Por vezes, meus dedos correm tão rapidamente pelo teclado, que ao final, o cansaço se torna presente.     Em outros momentos, a caneta dá espaço para todas as emoções. E com fé, coragem e um pouco de insolência grito e peço ao mundo um pouco de atenção.     Talvez por saber que jamais serei um Nobel de Literatura, não tenho censura. Permito que as perturbações  sejam declaradas. É um desnudar perigoso, que oferece a chance do ataque. É tomar um copo com água, para matar a sede. É tratar a dor com leveza ou prepotência.     Trabalhar sinônimo e significado é al

Segredo

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Cada um com uma história, cada par com um desejo.  Em cada canto um segredo. Cada sonho, por vezes, um degredo.  Na procura sorrateira , na febre de descobertas, a solidão parece ser uma companhia frequente. O silêncio aquece e perturba a trama, mas não acalma a dor. Em cada janela uma biografia para ser contada, desvendada e devastada. Quem espera? Quem recebe? Quem pondera? Quem percebe? Com quem partilhar o sentimento? Quem será o juiz da vida? Quem determinará se a escolha foi acertada? Em quem confiar? Qual o limite da intimidade? Se um bom Porto é para ser partilhado, quando dois cálices serão servidos? A confiança é sempre uma conquista.   A intimidade se revela, ao abrir a geladeira na casa alheia.

Cadê

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Cadê meu verso, que num reflexo tenta surgir Esqueci da poesia Me entreguei à melancolia Sem desistir Cadê meu verso Procuro e peço Vou conseguir Lembrei de ser poeta Não sou esteta Quero prosseguir Cadê força Meta e objetivo Se o tempo grita Partir

Re(Nascer)

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Se o machado te fere                                Chora Se te mata baleia                                 Lamenta Se não existe o ar                                 Sufoca Morre em cada abraço Grita em seu abrigo Luta em toda essência                                ... hora de renascer. Se o bicho homem é feroz                                  Encara Se a Serra do Mar cair                                  Segura Se o petróleo invadir o mar                                  Limpa Nasce em cada carinho Faz do trigo alimento Pede à uva um bom vinho                                ... hora de mudar O céu está claro O sol brilha mais forte Renova-se a esperança Nasceu hoje, De parto normal Uma criança.