Descompasso


    O dia seguia seu rumo.  O silêncio brincava com o imaginário. Atordoava a esperança cansada de acreditar.

   A dor estava estampada em uma vitrine reluzente, impossível de não ver.

   Um nada a dizer, um nada a pensar.  As flores emolduravam cada canto da sala oferecendo o consolo para um domingo comum.

    Há uma dor oculta que teima em se disfarçar em sono.  Um esquecimento proposital que adormece a expectativa de futuro.  Um andar lento passeia por cada cômodo, na procura do não fazer, do não pensar.

   O frio transpassa a roupa bonita. E aguarda alguém para trocar palavras, emoções e saberes. Mas nada acontece.  

     Na teoria é só dar o primeiro passo, mas o descompasso teima em brincar com o  futuro.

    Compreender a solidão é um passo para o amadurecimento ou  a constatação que não há retorno. Ter a percepção de que planos e desejos independem do toque da campainha da porta.


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